quinta-feira, 28 de julho de 2011

Destino IX: Encarnación


No Paraguai ganhei uma hora na vida e na Argentina a perdi. Isso porque o fuso horário do Paraguai está uma hora mais tarde do que o do Brasil e o da Argentina. Portanto, saí de Foz às 8h30 e cheguei ao terminal de Ciudad del Este na mesma hora.
Paguei 50.000 guaranis pela passagem até Encarnación, o que equivalem a mais ou menos 17 reais. Muito barato comparado aos precos comuns do sistema viario do nosso pais. Quase nao haviam curvas, achei estranho isso por acostumar com nossos caminhos tao montanhosos, impossíveis de tracar uma linha reta ao destino. Uma vegetacao rasteira e muitos campos preenchiam a janela do onibus. Muitas plantacoes de trigo. O ônibus parava bastante para subir e descer passageiros. Em algumas paradas, vendedores de meias, bebidas ou balas entravam no onibus apertado (tipo micro-ônibus) para oferecer seus produtos. As cores vermelha, branca e azul da bandeira do Paraguai a todo momento apareciam nas casas, nos postes, nos estabelecimentos... Às vezes apareciam casinhas simples pela estrada.
Tudo estava tranquilo até aparecer um cheiro estranho de freio, que foi aumentando e aumentando, até o motorista parar o onibus. Eu continuei sentado sem entender o que acontecia e quando vi que todo mundo estava levantando, também saí do onibus. Um cara entrou embaixo do onibus pra ver se arrumava alguma coisa, mas parecia que o problema nao ia ser resolvido. Esperamos uns 15 minutos na estrada até aparecer outro onibus pra seguir a viagem.
Em Encarnación, desembarquei em uma rodoviária cheia de pessoas e ônibus. Em tudo havia poeira, como se ali nao chovesse há muito tempo. Me localizei e segui o mapinha que eu tinha desenhado na noite anterior para o Hotel Itapúa. 50000 guaranis por la noche, para uma pessoa, num quarto com cama de casal e outra de solteiro e banheiro privado. As coisas eram bem velhas, mas cuidadas de um jeito simples. Dentro do quarto fazia mais frio do que fora.
A confusao da rodoviária se limitava àquele espaco, a duas quadras dali já nao escutava nada. A cidade parecia vazia. Foi quando eu notei que estava na hora do jogo do Paraguai e Uruguai, final da Copa América. Qualquer bar aonde havia uma televisao, mesmo que fosse de 14", estava lotado, aglomerado de pessoas com roupas vermelhas. Quase nao falavam. Só soltavam uns "uuuuhhh" ou xingavam quando alguma coisa errada acontecia. Nao era o dia do Paraguai. O Uruguai ja havia feito o primeiro gol e depois mais dois. Perder uma final nao é o tipo de coisa que deixa os paraguaios tristes, pelo contrario, ao final do jogo, gritavam, cantavam e soltavam fogos. Muito alegres. Até à noite ainda haviam carreatas e pessoas na rua comemorando o título de vice-campeao.

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