Quanto mais me afastava de Buenos Aires subindo ao norte, mais distante do mundo moderno, globalizado e intenso eu me sentia. As cidades já não faziam tanto barulho, as pessoas não tinham muita pressa e eu via poucos turistas pelas ruas.
De Córdoba a Salta foram mais 13 horas de ônibus. Uma pequena cidade, bem conservada e tranquila. É chamada de "La linda" e, de fato, merece receber esse apelido por ser delicada e bonita.
Passei um dia em Salta, passeando pelas praças, igrejas e museus, andando de sombra em sombra do calor que ultrapassava os 30°C. Assim como o Thiago me disse que se sentiu na Europa, eu também já não dava mais conta de tirar fotos de igrejas. Em alguma parte do livro "Veias abertas da América Latina", Eduardo Galeano escreve que na época do auge da prata e das riquezas extraídas pelos espanhóis, as cidades tinham tanto dinheiro que construíram igrejas por toda a parte. E lá estão elas.
No outro dia eu havia planejado conhecer uma quebrada de bicicleta, pedalando o dia todo sob um sol forte. Mas na noite anterior no hostel conheci um peruano que me deu uma idéia melhor. Guillermo disse que tinha comprado um salto de bungee jumping em General Guemes, a uma hora de Salta. E entre pedalar mais de 8 horas sob um sol forte para ver formações rochosas e saltar de uma ponte preso por uma corda nos pés, decidi escolher algo mais radical.
No outro dia de manhã fomos até o Dique Cabra Corral, um dique enorme de água azul cristalina entre rochas vermelhas e brancas. Paisagem increíble! E mais incrível que isso foi deixar meu corpo cair de uma altura de quase 30 metros até chegar à água em 4 segundos e ficar balançando de cabeça para baixo. Pude gritar todos os palavrões que podia, inclusive "la concha de la rubia!"
Eu e Guillermo voltamos de lá repetindo todo o tempo "Que locura! Que locura!". A gente não acreditava no que tinha feito. Andamos por 1 hora sob o sol que rachava as nossas cucas (o mesmo sol que eu enfrentaria por 8 horas de bike) até sermos agraciados por uma carona de trabalhadores que íam em direção ao lugar que tomaríamos o ônibus de volta a Salta.
Esse salto foi pra mim um divisor de águas (ah, que cliché) pois a partir daí iniciava uma nova etapa de Le Chemin Du Bois, rumo a Machu Picchu.
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